12 fevereiro 2019

Período Jurássico

Reunião de dinossauros jurássicos de diferentes regiões. Um Stegosaurus fica alerta ao olhar desafiador do carnívoro Allosaurus, observados pelo pescoçudo Diplodocus. Ao centro, embaixo, um Kentrosaurus se alimenta. Por trás da araucária, passa um Brachiosaurus, fazendo o Camptosaurus de seis metros parecer pequeno. Sobre uma folha se samambaia, um Archaeopteryx estica suas asas, enquanto um bando de Rhamphorhynchus voa pelo céu.
© Keiji Terakoshi, 2007

    O Jurássico é compreendido entre 201,3 e 145 milhões de anos atrás. O segundo período da era Mesozoica começa após o Triássico e antecede o Cretáceo. É dividido em três épocas: Jurássica Inferior (subdividida nas idades Hetangiana, Sinemuriana, Pliensbaquiana e Toarciana), Jurássica Média (subdividida nas idades Aaleniana, Bajociana, Batoniana e Caloviana) e Jurássica Superior (subdividida nas idades Oxfordiana, Kimeridgiana e Titoniana).
    Seu nome deriva da Cordilheira do Jura, ao norte dos Alpes europeus, onde rochas calcárias desse período foram identificadas pela primeira vez. Estratos rochosos depositados durante o Jurássico produziram reservas de ouro, calcário, carvão, petróleo e outros recursos naturais.

Tabela do tempo geológico em escala, com destaque para o Jurássico, suas épocas e idades.
© Mundo Pré-Histórico

    No início do Jurássico, a Pangeia estava começando a fraturar-se em duas massas terrestres: Laurásia ao norte e Gonduana ao sul, movimento que se intensificou no decorrer do período e culminou com sua separação completa no Jurássico Médio. Um relativamente estreito Oceano Atlântico Central abria-se entre a América do Norte e o noroeste da África. As mudanças geográficas criaram novas linhas costeiras, alteraram o clima continental de seco e quente para úmido e subtropical e substituíram muitas das áreas desérticas do Triássico por florestas tropicais exuberantes. Grande parte do oeste da Europa encontrava-se coberta por mares tropicais rasos e, como no Triássico, ainda não existiam calotas polares.

Disposição dos continentes no Jurássico.
© Dr. Ronald Blakey, Universidade do Norte do Arizona
(Com modificações)

Tempos de prosperidade


    O começo do Jurássico foi marcado por uma nova transição de faunas, após a extinção Triássico-Jurássica. Os arcossauros dinossauromorfos e crocodilomorfos, que eram abundantes no período anterior, perderam espaço para um único grupo, os dinossauros. Os crocodilomorfos fizeram sua passagem de um modo de vida terrestre para aquático - nos mares destacavam-se os teleossaurídeos e os metriorrinquídeos. Várias tartarugas podiam ser encontradas em rios e lagos de água doce. Apareceram os primeiros lagartos, salamandras, cecílias e mamíferos térios (que não põem ovos), estes últimos ainda criaturas muito pequenas e com dietas provavelmente onívoras ou insetívoras. Nos céus, reinavam os pterossauros, répteis alados que ocupavam o lugar das aves.

Mamíferos arbóreos das florestas do Jurássico, entre eles uma espécie planadora, alguns membros do clado Euharamiyida e a espécie Xianshou songae (no topo, ao centro).
Crédito: Zhao Chuang

    Os invertebrados terrestres mais abundantes eram os insetos, como libélulas, donzelinhas, besouros, moscas, formigas e vespas. Plantas gimnospermas eram relativamente diversas durante o Jurássico, ainda predominando as cicadófitas e coníferas, que constituíam a maior parte da vegetação de grande porte (já incluíam as araucárias). Como ainda não existiam plantas com flores, a presença de insetos que hoje dependem da polinização sugere que estes eram originalmente adaptados a outras estratégias de alimentação.
    Nos oceanos, especialmente os rasos e recém-formados mares interiores, abundavam formas de vida variadas. Peixes cartilaginosos e ósseos eram comuns; os teleósteos começaram a adquirir uma aparência moderna, desenvolvendo vértebras ossificadas e mudanças em sua estrutura, barbatanas e cauda. O maior peixe ósseo de todos os tempos, o Leedsichthys, viveu no Jurássico e atingia cerca de 16 m de comprimento. No topo da cadeia alimentar marinha havia tubarões, grandes crocodilos e répteis, como os plesiossauros, que estão entre os maiores répteis carnívoros que já existiram, e os ictiossauros, estes últimos em seu ápice de diversidade.

Reconstrução do ambiente da formação Oxford Clay, na Inglaterra, durante o Jurássico Médio. Um crocodilo metriorrinquídeo evita a atenção de um grande Liopleurodon predando um plesiossauro criptoclidídeo, enquanto peixes (Lepidotes e Gyrodus) e amonites (Quenstedtoceras) nadam por perto. No leito, bivalves Trigonia; ao fundo, dois peixes filtradores Leedsichthys gigantes e o tubarão Hybodus perseguindo um cardume de belemnites.
Crédito: Nikolay Zverkov, 2018

    Muitos novos grupos de invertebrados marinhos apareceram no início do Jurássico, incluindo os primeiros poliquetas sabelídeos, vermes com cerdas existentes até hoje. Em meados do período, recifes cresciam em águas quentes, constituídos por esponjas silicosas, poliquetas, estromatólitos e corais, com destaque para os corais escleractíneos. Associados a eles, vivia uma variedade de outros animais, como equinodermos (lírios-do-mar, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar), braquiópodes (animais de corpo mole com conchas), briozoários (pequenos invertebrados coloniais) e crustáceos (incluindo os primeiros caranguejos e lagostas).
    Os moluscos estavam entre os invertebrados mais diversificados e relevantes. Os amonites, que caracterizam o Jurássico, se multiplicaram e até atingiram proporções maiores. A radiação evolutiva dos belemnites, moluscos cefalópodes parecidos com lulas, contribuiu para a reconstrução dos ecossistemas marinhos. Outros moluscos comuns incluíam gastrópodes (caramujos) e bivalves como as vieiras e ostras, que ocuparam vários nichos diferentes. No fim do Jurássico, surgiram os bivalves rudistas, construtores de recifes que dominaram os mares mesozoicos.

Os belemnites haviam surgido no final do Triássico, mas foi no Jurássico que eles se tornaram uma importante e abundante fonte de alimento para répteis marinhos e tubarões.
Crédito: (autor desconhecido)
O molusco rudista Diceras, que viveu do Jurássico ao início do Cretáceo, é caracterizado por ambas as valvas de sua concha serem encaracoladas.
Crédito: (autor desconhecido)

A ascensão dos dinossauros


terópode Allosaurus, o saurópode Diplodocus e o ornitísquio Fruitadens.
© Mohamad Haghani, 2013

    Sem a competição de outros arcossauros, os dinossauros puderam se desenvolver plenamente, aumentando em variedade, número e tamanho. Eles se dividiram em duas linhagens principais: os saurísquios (com "quadris de lagarto") e os ornitísquios (com "quadris de ave"). Os saurísquios, que incluem tanto animais herbívoros quanto carnívoros, são os dinossauros mais antigos de que se tem registro.
    Entre os sauropodomorfos, saurísquios herbívoros e de pescoço alongado, os saurópodes começaram a evoluir em formas cada vez maiores, talvez para diminuir o risco de predação. Em meados do Jurássico, havia dinossauros pescoçudos gigantescos (alguns chegavam a mais de 30 m) vagando pelos bosques de todo o mundo e se alimentando de samambaias, cicadófitas, benetitales e coníferas.
    Os dinossauros ornitísquios, que despontaram como pequenas criaturas herbívoras no Jurássico Inferior, tinham menos destaque, mas também desempenhavam papéis importantes nesses ecossistemas. Entre eles estavam ornitópodes e os primeiros dinossauros com blindagens, os tireóforos. A pressão intensa exercida por dinossauros predadores fez com que muitos desenvolvessem placas ósseas, espinhos e armaduras para se protegerem, como nos estegossauros, que chegaram a seu momento de maior pluralidade no Jurássico Superior.

Eustreptospondylus corre em direção a um grupo de estegossauros Lexovisaurus, dispersando, no caminho, um bando dos pequenos ornitísquios Alocodon.
Crédito: Andrey Belov
Dois Dilophosaurus disputam um infeliz Scutellosaurus, em uma floresta do início do Jurássico.
Crédito: Mark Hallett

    Seguindo a mudança de tamanho de muitos herbívoros e suas inovações em meios de defesa, os dinossauros saurísquios carnívoros (chamados terópodes) também passaram a crescer. No Jurássico Médio, os terópodes ceratossauros (como Ceratosaurus), ainda que não tenham se extinguido, começaram a perder espaço para formas mais avançadas, como megalossauroideos (Megalosaurus, Torvosaurus, por exemplo), carnossauros (Allosaurus, Yangchuanosaurus) e celurossauros, que predavam animais grandes e pequenos.
    Os celurossauros, uma linhagem bastante diversa de terópodes, surgiram por volta dessa mesma época e já haviam se diferenciado em outras variedades antes do fim do período. No Jurássico Superior, evoluíram, a partir de pequenos celurossauros especializados, os primeiros aviales (Avialae), os dinossauros que aprenderam a voar e que mais tarde dariam origem às aves.

Archaeopteryx, forma intermediária entre os dinossauros e as aves, viveu há 150 milhões de anos.
Crédito: John Sibbick / Natural History Museum

    Após um pico de diversidade, abundância e tamanho corporal, os saurópodes tiveram um declínio no final do Jurássico, que parece ter correspondido com o declínio das grandes plantas gimnospernas das quais se alimentavam. Saurópodes braquiossaurídeos, camarassaurídeos e diplodocídeos, antes dispersos amplamente, tiveram sua distribuição geográfica reduzida. Os estegossauros também sofreram com a decadência das cicadófitas. Na transição do Jurássico para o Cretáceo, as angiospermas (plantas com flores) se desenvolveram, causando mudanças ambientais que precipitariam a evolução de novos tipos de herbívoros no último período da era Mesozoica, o Cretáceo.

Os saurópodes norte-americanos Brachiosaurus e Camarasaurus viveram no final do Jurássico.
Crédito: Andrey Belov, 2014


8 comentários:

  1. muito bom e completo, parabens!

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  2. Obg vai ajudar muito na pesquisa para amostra científica da minha escola já que eu e minhas amigas vamos fazer da titanoboa e isso inclui o tempo que ela viveu e mais coisas sobre isso então obg❤️☺️

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  3. Anônimo28/6/22

    top dms slk aprende altos btf

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