Eudimorfodonte, um antigo pterossauro com dentes diferenciados

Crédito: Daniel Eskridge, 2021

    O eudimorfodonte é um gênero de pterossauro que viveu no sul da Europa, em ambientes próximos a lagoas, no final do Triássico, de 210 a 203 milhões de anos atrás (final da idade Noriana e início da Reciana), o que o torna um dos pterossauros mais antigos que se conhecem. De tamanho pequeno, tinha cerca de 1 m de envergadura e não pesava mais que 10 kg. Seu nome significa, em grego, "verdadeiros dentes de duas formas", em alusão ao dimorfodonte, descoberto muito antes. Enquanto este possuía dentes apenas de tamanhos variados, os dentes do eudimorfodonte exibem uma complexa diferenciação, distinguindo-o da maioria dos outros pterossauros, que tinham dentes simples ou nem tinham nenhum.

© Mundo Pré-Histórico

    O plano corporal do eudimorfodonte apresenta uma constituição típica de muitos pterossauros antigos, como uma longa cauda óssea, cabeça grande, pescoço reduzido e ossos relativamente curtos nas mãos. Apesar disso, ainda é difícil posicioná-lo na árvore evolutiva dos pterossauros, pela falta de vestígios que liguem esses répteis a suas formas ancestrais. Outros traços primitivos do eudimorfodonte são a retenção de dentes no osso pterigoide (no céu da boca) e a flexibilidade da cauda, desfalcada das longas extensões vertebrais que enrijeciam esse órgão em espécies do Jurássico. A ponta da cauda pode ter suportado uma espécie de grimpa em forma de losango, como no ranforrinco, que ajudaria a controlar os movimentos do corpo durante o voo.

    Seu crânio era alongado e triangular. O eudimorfodonte possuía um grande número de dentes, totalizando 114, densamente aglomerados em maxilas de apenas 6 cm de comprimento. Aqueles mais à frente eram maiores e tinham formato de presas; em seguida, abruptamente davam lugar a uma série de pequenos dentes com várias cúspides. No meio da fileira de dentes menores, na maxila superior, destacavam-se outros dois de tamanho avantajado. Essa morfologia sugere uma dieta piscívora, o que foi confirmado por conteúdos estomacais preservados contendo restos do peixe Parapholidophorus. Quando a mandíbula fechava, os dentes superiores e inferiores entravam em contato direto, especialmente os do fundo - o grau de oclusão dentária do eudimorfodonte é o maior entre os pterossauros. Os padrões de desgaste dos dentes mostram que ele podia mastigar o alimento até certo ponto e que também se alimentava de invertebrados com conchas duras.

Reconstruções esquelética, muscular e completa da cabeça de um eudimorfodonte. Seus dentes diferenciados serviam a funções distintas entre si e eram perfeitos para agarrar e esmagar peixes.
Crédito: Gabriel Ugueto, 2019

    O eudimorfodonte é conhecido por vários esqueletos, incluindo espécimes jovens, provenientes das formações Calcare di Zorzino e Argillite di Riva di Solto, na Itália. Foi descoberto em 1973, por Mario Pandolfi, na cidade de Cene, e descrito no mesmo ano pelo paleontólogo Rocco Zambelli. Atualmente o gênero inclui uma única espécie válida, Eudimorphodon ranzii, cujo epíteto específico homenageia o professor e biólogo Silvio Ranzi. Duas outras foram nomeadas no passado, mas posteriormente alocadas em seus próprios gêneros (Carniadactylus e Arcticodactylus). Em 1986, fragmentos de maxilas contendo dentes com múltiplas cúspides, semelhantes aos do eudimorfodonte, foram encontrados no oeste do Texas, EUA, porém não é possível ter certeza se eles pertencem ao gênero.

Classificação científica:

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Clado: Sauropsida

Ordem: †Pterosauria

Família: †Eudimorphodontidae

Subfamília: †Eudimorphodontinae

Gênero: †Eudimorphodon

Espécie: †Eudimorphodon ranzii

Holótipo de Eudimorphodon ranzii no Museu Cívico de Ciências Naturais Enrico Caffi, em Bérgamo, Itália.
Crédito: Ghedoghedo, 2011

© Museu Americano de História Natural

Fontes: Prehistoric Wildlife, Pteros, ThoughtCo e Wikipedia.