14 agosto 2010

Teleossauro, um crocodilomorfo marinho de focinho muito fino

Crédito: Andrey Belov, 2019

Atualizado em julho de 2022

    O teleossauro ("lagarto completo", do grego téleios, "completo" ou "perfeito", e sauros, "lagarto") é um talatossúquio (grupo extinto de crocodilomorfos marinhos) que viveu nos mares da Europa durante o Jurássico Médio, de 171 a 164 milhões de anos atrás, entre as idades Bajociana e Caloviana. Medindo aproximadamente 3 m de comprimento, esse parente distante dos crocodilos foi encontrado na Formação Calcária de Caen, na França.

© Mundo Pré-Histórico

    De forma muito semelhante ao gavial moderno, um crocodiliano asiático, ele possuía maxilas extremamente alongadas e estreitas, margeadas por inúmeros dentes pequenos. Porém, diferentemente dos crocodilianos atuais, o teleossauro vivia em mar aberto e alimentava-se de peixes e lulas, os quais capturava com seus dentes aciculados e afiados. O focinho fino era perfeito para isso, pois sofria menor resistência da água e, assim, a boca podia abrir e fechar muito rapidamente. Uma vez capturada a presa, o teleossauro devia segurá-la fora da água e jogá-la na boca. Embora os dentes fossem adaptados para prender peixes, eles não eram fortes o bastante para cortar a carne, então o animal tinha sua dieta restrita a presas pequenas, que podiam ser engolidas inteiras.
    Seu corpo longo e delgado terminava em uma cauda sinuosa, que ajudava a propeli-lo pela água. Os membros dianteiros eram notavelmente curtos e provavelmente mantidos junto ao corpo ao nadar, de modo a aumentar sua hidrodinâmica. Essas adaptações sugerem que o teleossauro passava grande parte do tempo na água, mas seu corpo ainda não era tão modificado quanto o de talatossúquios mais tardios, como o metriorrinco e o geossauro. Portanto, devia habitar águas mais costeiras e até passar algum tempo em atóis ou lagoas.
    Vestígios de teleossauro são conhecidos pela Ciência pelo menos desde 1758, contudo, no início os cientistas acreditavam que eles pertenciam a crocodilos e aligátores extintos. Parte de um crânio provavelmente descoberto no início do século XIX foi brevemente analisado pelo biólogo francês Jean Vincent Félix Lamouroux, em 1820, e apontado como uma espécie extinta do gênero moderno de crocodilo: Crocodylus cadomensis. Esse material foi enviado a Georges Cuvier, que o descreveu por completo em 1824, mas a descrição só foi publicada no ano seguinte, pelo naturalista Étienne Geoffroy Saint-Hilaire, surgindo, assim, o gênero TeleosaurusTeleosaurus cadomensis é a única espécie considerada válida atualmente, apesar de uma dezena já ter sido nomeada no passado. Por mais de um século o gênero foi relegado como um táxon "cesta de lixo", agrupando diversos fósseis que não podiam ser devidamente identificados, até que um estudo publicado em 2020 absorveu as demais espécies dentro de outros gêneros ou como sinônimas de T. cadomensis.

Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Clado: Pseudosuchia
Superordem: Crocodylomorpha
Clado: †Thalattosuchia
Família: †Teleosauridae
Subfamília: †Teleosaurinae
Gênero: †Teleosaurus
Espécie: †Teleosaurus cadomensis

Crédito: (autor desconhecido)
Ilustração de crânio de Teleosaurus cadomensis em diferentes vistas.
Crédito: Eugène Eudes-Deslongchamps, 1866
Vista dorsal de mandíbula de Teleosaurus cadomensis.
Foto: Francis Dubrulle, 2008

2 comentários:

  1. Adorei a atualização, Felipe, muito legal mesmo! A despeito de ele não ser parente dos crocodilianos modernos, esse bicho era basicamente um gavial em menor tamanho, até porque os gaviais também são bem mais aquáticos que seus outros primos e comem primordialmente peixes.

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