11 janeiro 2010

Dinossuco, o crocodilo terrível

Dinossuco investe contra um albertossauro, do qual um fóssil apresenta marcas de mordidas que correspondem à dentição do crocodiliano.
© 2009 Raúl Martín

Atualizado em julho de 2020

    O dinossuco ("crocodilo terrível", do grego deinos, "terrível", e suchos, "crocodilo") é um crocodiliano que viveu na idade Campaniana do Cretáceo Superior, entre 82 e 73 milhões de anos atrás, na América do Norte. Apesar de ser relacionado ao jacaré moderno, era muito maior, com uma média de 8 a 10 m de comprimento e 2,5 a 5 t. Alguns indivíduos, porém, podiam atingir 12 m e 8,5 t.

© Mundo Pré-Histórico

   Ele habitava estuários em ambas as margens do Mar Interior Ocidental, que cortava a América do Norte na época. Enquanto os indivíduos do habitat ocidental atingiam um porte maior, as populações do leste eram muito mais numerosas (mesmo menores, os dinossucos do lado oriental ainda eram os maiores predadores de sua região). Os indivíduos menores e mais jovens deviam ser predadores oportunistas, que se alimentavam de peixes, tartarugas-marinhas e outros animais, tanto aquáticos quanto terrestres. Os maiores eram capazes de atacar até mesmo grandes dinossauros, entre os quais, ornitópodes como o kritossauro. Marcas de dentes de dinossuco já foram encontradas em fósseis dos terópodes albertossauro e Appalachiosaurus, bem como fragmentos de cascos de tartarugas em meio a fezes fossilizadas (coprólitos). À mesma maneira que os crocodilianos modernos, o dinossuco devia emboscar dinossauros e outros animais terrestres que se aproximavam da água e submergi-los até que se afogassem. Para dilacerar a presa, também seria capaz de girar o corpo enquanto a segurava com a boca - o chamado "giro da morte".

Dinossuco atacando um coritossauro.
Crédito: John Sibbick / Science Photo Library

   Sua aparência era relativamente semelhante à dos atuais crocodilos e jacarés. Tinha um focinho largo e levemente bulboso na ponta, com dentes grandes e robustos, próprios para esmagar. Estima-se que a força de sua mordida chegava a 18 mil newtons ou 1,8 tonelada-força. Suas costas eram cobertas por grossos calombos ósseos (osteodermes), incomumente grandes e profundos, alguns com formato quase semiesférico. Interligados por tecido conjuntivo, os osteodermes serviam como um reforço estrutural para o corpo do dinossuco, que poderia, dessa forma, caminhar fora d'água apesar de seu peso. Sua taxa de crescimento era similar à dos crocodilianos de hoje, mas mantida por muito mais tempo: análises dos anéis de crescimento nos osteodermes revelam que ele levava mais de 35 anos para atingir o tamanho adulto máximo, mas podia viver por mais de 50 anos.
    Os primeiros fósseis de dinossuco foram dois grandes dentes, descobertos pelo geólogo Ebenezer Emmons, na Carolina do Norte (EUA), nos anos 1850, mas originalmente classificados no gênero Polyptychodon, como P. rugosus. O gênero Deinosuchus só foi erigido em 1909, depois que vários osteodermes, vértebras, costelas e um osso púbico foram encontrados em Montana. O paleontólogo William Jacob Holland nomeou a nova espécie como Deinosuchus hatcheri, em homenagem a seu descobridor, o paleontólogo John Bell Hatcher. Uma expedição do Museu Americano de História Natural no Texas, em 1940, rendeu mais fósseis de crocodilianos gigantes, batizados como Phobosuchus riograndensis (um gênero hoje descartado), atualmente Deinosuchus riograndensis. Além dos locais já mencionados, restos de dinossuco já foram encontrados também nos estados do Alabama, Geórgia, Mississípi, Nova Jersey, Novo México, Utah e Wyoming e no norte do México.

Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Sauropsida
Ordem: Crocodylia
Superfamília: Alligatoroidea
Gênero: †Deinosuchus
Espécies: †Deinosuchus hatcheri, †D. rugosus e †D. riograndensis

Crédito: Andrey Atuchin, 2015
Reconstrução do esqueleto de Deinosuchus hatcheri no Museu de História Natural de Utah, em Salt Lake City, Utah, EUA.
Crédito: TonyC

Fontes: National Geographic, Prehistoric Wildlife, Western Australian Museum e Wikipedia.

16 comentários:

  1. Felipe, acho melhor manter o nome "dinossuco" para o problemático gênero "Dinosuchus terror" aqui do Brasil. E manter o nome "Deinosuchus" mesmo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acredito que não tem problema, Vinícius. Afinal, Dinosuchus é um gênero praticamente inválido e, se formos ver, é só uma variação da escrita do mesmo nome, já que tanto Deinosuchus quanto Dinosuchus derivam do grego deinós + suchus e significam a mesma coisa!

      Excluir
    2. mano ces tão fumando oq, e deinosuchus P-P

      Excluir
    3. Dinossuco seria a versão do nome no bom e velho português, como a palavra dinossauro!

      Excluir
  2. Anônimo19/7/20

    nao conhecia este albertossauro, um t-rex bem irreverente, mas gostei do dinossuco.

    ResponderExcluir
  3. Anônimo19/7/20

    deveriam aumentar a fonte destes textos do blog, nem olho bionico pode ler assim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nunca haviam reclamado antes, mas se mais gente concorda posso aumentar a fonte, sem problemas.

      Excluir
  4. Incrível, Felipe! As novas informações adicionadas deixaram a postagem sensacional.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado! Vejo que você realmente vasculha o blog, kkkk! Tinha acabado de reescrever a postagem quando comentou. Valeu pela assiduidade!

      Excluir
    2. Eu tô o tempo todo lendo o seu blog. 😃

      Excluir
    3. Puxa, fico feliz! 😁

      Excluir
  5. Anônimo12/11/21

    Desculpe mas como o deinosuchus e o albertosaurus coexistiam sendo que o último só apareceu 3 milhões de anos depois

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Revisei a postagem do albertossauro e vi que havia um erro no intervalo de tempo em que ele viveu. Obrigado pelo comentário!

      Excluir

Todos os comentários passam por aprovação do autor.
Comentários incoerentes ou ofensivos não serão publicados, mas críticas e sugestões são bem-vindas.