Crédito: Nix Illustration, 2016 |
Essa pequena criatura tinha um corpo achatado e assimétrico, com formato de bota, como já indica o nome. A "bota", chamada de cálice ou teca, possui um fino apêndice em forma de haste, que pode ser análogo a uma cauda ou um braço, possivelmente usado para ajudar o animal a se arrastar pela lama do fundo do oceano. O conjunto do cálice era suportado por um esqueleto composto por 14 placas de calcita, três delas sendo processos (protuberâncias) semelhantes a espinhos, situados nas posições dos "dedos" e do "colarinho" da "bota". A localização da boca e do ânus do Cothurnocystis é matéria de divergência entre os pesquisadores, variando conforme a interpretação dos fósseis: um desses órgãos ficava na base da haste, e o outro, na região que seria a "boca" da "bota". A face superior do Cothurnocystis era coberta por um fino integumento, rasgado por uma série de aberturas no trecho entre a base da haste e o espinho da "ponta do pé". Essas aberturas seriam como fendas branquiais, que, além de capturar oxigênio, filtravam partículas de alimento da água que entrava pela boca.
A classificação dos estilóforos (classe Stylophora), grupo do qual o Cothurnocystis é um representante proeminente, tem sido bastante complicada. Esses animais hoje são considerados relacionados aos equinodermos (filo Echinodermata), uma vez que suas conchas internas (chamadas testas) possuem estrutura e composição similares. Alguns cientistas veem uma notocorda (estrutura precursora da coluna vertebral) muito simples na cauda do Cothurnocystis e chegaram a sugerir que os estilóforos seriam um grupo de cordados primitivos - cordados são os animais que possuem notocorda em algum estágio de sua vida. No entanto, esses organismos carecem tanto de simetria radial, típica da maioria dos equinodermos, quanto da simetria bilateral dos cordados.
Fósseis de Cothurnocystis foram encontrados no estado americano de Nevada, na Escócia, na Tchéquia, na França e no Marrocos. A primeira espécie do gênero, Cothurnocystis elizae, descrita por Francis Arthur Bather em 1913, foi batizada em homenagem a Elizabeth Gray, coletora que encontrou os primeiros fósseis do animal, em rochas do Ordoviciano Superior da Escócia. C. elizae também foi recuperado de rochas do Ordoviciano Inferior do Marrocos. Nesta mesma época viveram as espécies Cothurnocystis americana, de Nevada, EUA, descrita em 1963, e Cothurnocystis fellinensis, da França, descrita em 1969. Cothurnocystis curvata, nomeada em referência ao formato curvo de seu cálice, foi descoberta na Escócia e viveu no Ordoviciano Superior.
Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Echinodermata
Subfilo: †Homalozoa
Classe: †Stylophora
Ordem: †Cornuta
Família: †Cothurnocystidae
Subfamília: †Cothurnocystinae
Gênero: †Cothurnocystis
Espécies: †Cothurnocystis elizae, †C. curvata, †C. americana, †C. fellinensis e †C. bifida
© Franz Anthony |
Fóssil de Cothurnocystis elizae encontrado no Marrocos. |
Fontes: Enciclopédia dos dinossauros e da vida pré-histórica (São Paulo: Abril, 2008), Fossil Mall, Life Before the Dinosaurs, Mindat.org e Wikipedia.
Ok, essa postagem me surpreendeu! Acabei de ler e ficou muito show, não conhecia o Cothurnocystis.
ResponderExcluirValeu, Vinícius!
ExcluirOlá Felipe tudo bem ? tenho um canal no Youtube ( Paleo Mania) e gostaria de perguntar se eu poderia utilizar de algumas das informações dos seus posts, Dando os créditos, em alguns videos meus = )
ExcluirOlá! Claro que sim, as informações estão aí para serem compartilhadas! Agradeço pelos créditos!
ExcluirPoderia fazer uma postagem sobre as preguiças-gigantes, Felipe?
ResponderExcluirTipo, falando sobre a ecologia delas, os diferentes grupos, evolução, de maiores a menores, enfim, no mesmo estilo da postagem sobre os plesiossauros.
Interessante... Alguma hora posso fazer.
Excluir👌
ExcluirNossa, que animal bizarro! parece até que foi encontrado incompleto.
ResponderExcluirFelipe quais são as próximas criaturas que você pretende adicionar ao seu blog não precisa falar a criatura só algo relacionado a ela
ResponderExcluirEstou escrevendo duas postagens, mas não sei qual vai ficar pronta antes: uma é de um mamífero, a outra é uma curiosidade. Em seguida acho que vou trazer um pterossauro.
Excluirpor algum acaso esse mamífero é um sinapsídeo? (estava pensando em um moschops)
ExcluirNão... Mais para frente vou falar sobre o Moschops.
Excluirele é o ancestral comum de todos os equinodermos ou existem outros equinodermos que deram origem a estrelas-do-mar e etc?
ResponderExcluirNão, ele não é ancestral dos equinodermos atuais. Os estilóforos são um grupo extinto, que não deixou nenhum descendente vivo. Não é possível dizer qual animal específico seria esse ancestral comum, pois temos que considerar que o registro fóssil não é completo e que muitas espécies talvez nem tenham deixado vestígios.
ExcluirVelho, os paleontólogos são muito ninja! Os cara conseguem identificar cinco espécies de Cothurnocystis, um ser tão minúsculo.
ResponderExcluirImagine então estudar os microfósseis!
ExcluirNossa, esse então! Acho que para ser paleontólogo tem que fazer faculdade para ser ninja antes, esses cara manja demais.
ExcluirConheci o blog agora e já estou amando! Poderia fazer uma postagem sobre o dodô?
ResponderExcluirMuito obrigado! Vou fazer sim.
ExcluirDe nada, estarei esperando!
Excluireu nunca vi falar sobre esse bicho. trabalho acima dos limites
ResponderExcluirQue bicho esquisito cara 😂😂
ResponderExcluirUma sugestão de postagem seria sobre o Saurophaganax, um dinossauro muito daora, enfim, boa postagem.
Valeu!
ExcluirPior que me lembro de ter visto esse mesmo animal naquela enciclopédia da revista Recreio sobre dinossauros e a pré-história em si hehehe
ResponderExcluir😉
ExcluirFelipe, você poderia fazer uma postagem sobre o auroque?
ResponderExcluirSim, quero fazer alguma hora!
ExcluirBeleza, estarei aguardando ansioso!
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