A partir do canto superior esquerdo, no sentido horário: Postosuchus, Eudimorphodon, Plateosaurus, grupo de Coelophysis, Cynognathus, dois Megazostrodon e Placerias. Crédito: Christian Jégou / Publiphoto Diffusion / Science Photo Library |
O primeiro período da era Mesozoica é o Triássico, que sucede o período Permiano da era Paleozoica e precede o Jurássico de sua era, estendendo-se de 251,9 a 201,3 milhões de anos atrás. É dividido em três épocas: Triássica Inferior (subdividida nas idades Induana e Olenekiana), Triássica Média (subdividida nas idades Anisiana e Ladiniana) e Triássica Superior (subdividida nas idades Carniana, Noriana e Reciana), da mais antiga para a mais recente.
O Triássico foi nomeado em 1834 por Friedrich von Alberti, em relação às três camadas distintas de rochas (as Trias) encontradas ao longo da Alemanha e noroeste da Europa: arenitos vermelhos, cobertos por calcário marinho, seguidos por evaporitos e arenitos continentais.
Tabela do tempo geológico em escala, com destaque para o Triássico, suas épocas e idades. © Mundo Pré-Histórico |
O clima global no Triássico era predominantemente quente e seco. A Pangeia, o vasto supercontinente formado ainda no Permiano, atravessava o Equador e estendia-se em direção a ambos os polos. Áreas costeiras eram regadas por chuvas sazonais, mas o amplo e isolado interior do continente permanecia mais árido, com a incidência de desertos. As regiões polares eram úmidas e temperadas, livres de gelo, fornecendo condições adequadas ao desenvolvimento de florestas e animais vertebrados, incluindo répteis. No final do período, a expansão do fundo oceânico no Oceano de Tétis levou ao início da ruptura da Pangeia em uma porção norte e outra sul.
Disposição dos continentes no Triássico © Dr. Ronald Blakey, Universidade do Norte do Arizona (Com modificações) |
A vida se recupera
Tanto o começo quanto o fim do Triássico são marcados por grandes extinções em massa. A extinção do Permiano-Triássico havia deixado a biosfera terrestre seriamente comprometida (90% de todas as espécies haviam se extinguido), tendo sido necessários 30 milhões de anos para que se desenvolvessem novamente comunidades com teias alimentares complexas. Os anfíbios temnospôndilos estavam entre os grupos sobreviventes e dominavam os ecossistemas de água doce. Os lissanfíbios, clado que inclui os sapos e salamandras, apareceram timidamente no início do Triássico. Outros grupos modernos cujos ancestrais apareceram pela primeira vez no Triássico Médio e Superior incluem as tartarugas, serpentes e lagartos. Entre os artrópodes, havia aranhas, escorpiões, milípedes, centípedes e os primeiros gafanhotos.
Arcossauros rauissúquios, como o Prestosuchus, foram os maiores predadores terrestres do Triássico. Crédito: Sergey Krasovskiy |
Terápsidos (um grupo de sinápsidos que havia prosperado no Permiano) e répteis arcossauros eram os principais vertebrados terrestres durante esse tempo, enquanto as plantas com sementes, conhecidas como gimnospermas, dominavam a flora - estas incluíam as velhas cicadófitas, ginkgófitas, coníferas e as novas benetitales. Além das gimnospermas, cresciam também licófitas, samambaias e cavalinhas.
Nas águas mais rasas do Oceano de Tétis, novos tipos de coral formaram pequenos trechos de recifes, durante o Triássico Médio e Superior. Os peixes não eram muito diversos, o que indica que restavam poucas famílias. Poliquetas serpulídeos surgiram, e os extintos moluscos microconchídeos eram abundantes. Os amonites se recuperaram, diversificando-se a partir de uma única linhagem que sobrevivera à extinção permiana; no final do Triássico, alguns evoluíram formas de conchas bem diferentes. Vários grupos de répteis voltaram para a água: talatossauros, placodontes, notossauros, paquipleurossauros e os primeiros plesiossauros e ictiossauros. Estes últimos eram grandes e eficientes predadores que dominaram os mares.
Ecossistema marinho do sudeste de Idaho, EUA, no Triássico Inferior, 1,3 milhão de anos após a devastadora extinção permiana. Crédito: Jorge Gonzalez |
Entre os terápsidos, destacavam-se os kannemeyeriiformes, os únicos dicinodontes que continuaram a se diversificar durante o Triássico, e os cinodontes, um dos grupos mais diversos de terápsidos. Os kannemeyeriiformes, animais entroncados, do tamanho de porcos ou bois, foram os herbívoros mais abundantes ao redor do mundo até o final do Triássico Médio. No início do Triássico Superior, porém, estes foram superados pelos cinodontes traversodontes e répteis rincossauros. Nessa mesma época, alguns cinodontes mais avançados deram origem aos mamaliformes, os parentes mais próximos dos mamíferos, sendo a maioria composta por pequenas criaturas insetívoras noturnas.
Alguns cinodontes eram grandes predadores; na imagem, grupo de Cynognathus ataca o dicinodonte Placerias. Crédito: Mark Hallett, 1989 |
A alvorada dos dinossauros
Sul da Europa no Triássico Superior: os pterossauros Eudimorphodon (agarrado à árvore) e Austriadactylus, o pequeno réptil arborícola Drepanosaurus e, ao fundo, fitossauros (répteis semiaquáticos próximos dos arcossauros) aquecendo-se ao sol. © Todd S. Marshall, 2011 |
Os arcossauros progressivamente destronaram os terápsidos, produzindo os primeiros vertebrados capazes de voar - os pterossauros -, os primeiros crocodilomorfos e uma variedade de répteis distantemente relacionados aos crocodilos. No Triássico Médio, apareceu um grupo especializado de arcossauros, chamados de dinossauros, em um ambiente dominado por vários outros tipos de arcossauros e terápsidos. Os primeiros dinossauros eram criaturas pequenas, bípedes e ágeis - os mais antigos que se conhecem são os sul-americanos Eoraptor e Staurikosaurus -, mas não tardou até aparecerem os primeiros sauropodomorfos, herbívoros de pescoço alongado, e terópodes, os dinossauros carnívoros.
O Staurikosaurus viveu no sul do Brasil há 233 milhões de anos, um dos mais antigos registros de dinossauros do mundo. Crédito: Maurilio Oliveira |
Até então, contudo, os dinossauros eram somente outro conjunto de répteis em um mundo cheio de répteis e não assumiriam sua posição de destaque até o Jurássico. O que permitiu seu triunfo foi o desaparecimento de vários outros grupos importantes de arcossauros, em uma série de extinções no final do Triássico. Muitos dos grandes anfíbios, grupos de pequenos répteis e sinápsidos (à exceção daqueles mais próximos dos mamíferos) também desapareceram.
A extinção do Triássico-Jurássico, embora não tão devastadora quanto a anterior, foi particularmente severa nos oceanos, onde 22% das famílias e 34% dos gêneros marinhos foram extintos. Desapareceram os conodontes (cordados parecidos com enguias, existentes desde o Cambriano), muitos dos répteis marinhos (exceto plesiossauros e ictiossauros) e metade dos gêneros de invertebrados marinhos. Alguns grupos ficaram com poucas espécies restantes; braquiópodes e moluscos gastrópodes e bivalves foram severamente afetados.
Esqueleto de Redondasaurus em um leito de rio seco durante a extinção do Triássico-Jurássico. Crédito: Richard Bizley / Science Photo Library |
Ainda não se tem certeza sobre as causas do evento que dizimou 35% das espécies de animais, mas sabe-se que ele foi acompanhado por grandes erupções vulcânicas na região central do Atlântico Norte, quando a Pangeia começou a romper-se. A liberação de gases pode ter acidificado as águas dos oceanos e causado mudanças climáticas que afetaram seriamente muitas formas de vida. Essas perdas deixaram uma fauna terrestre composta principalmente por crocodilomorfos, dinossauros, mamaliformes, pterossauros e tartarugas. As primeiras linhagens de dinossauros se diversificaram nesse contexto, ocupando os nichos ecológicos que agora estavam vagos. A verdadeira "era dos dinossauros", portanto, começa a partir de então, no período Jurássico.
Os dinossauros terópodes (no centro, ao fundo) eram pequenos e raros, enquanto répteis como fitossauros (parecidos com crocodilos) e aetossauros (à esquerda, com armadura nas costas) eram comuns há 212 milhões de anos, no norte do atual estado americano do Novo México. Crédito: Victor Leshyk |
Dois Herrerasaurus perseguem um Silesaurus. No fundo, o sauropodomorfo Plateosaurus e o pterossauro Preondactylus povoam o restante da paisagem. © Mohamad Haghani, 2012 |
agora o blog tá bonito
ResponderExcluirValeu!
ExcluirParabéns por divulgar a ciência. Eu aprendi coisas que nem sabia.
ResponderExcluirEssa é a intenção. Fico feliz com isso. Muito obrigado!
ExcluirEste blogue é show de bola!
ResponderExcluirMuito obrigado!
ExcluirMuuuito obrigado pelo texto! Achei informações do três períodos mesozoicos que não é fácil de encontrar no Google.
ResponderExcluirQue bom! Agradeço pelo comentário. Volte sempre!
Excluirasdoreiiii
ResponderExcluirLegal! Valeu.
ExcluirMuito bom, me ajudou muito com um trabalho que eu precisava fazer.
ResponderExcluirÓtimo! Eu que agradeço.
ExcluirO triássico é um período incrível por que surgiu várias espécies curiosas!
ResponderExcluirSim, de fato!
ExcluirExistia algum ornitisquiano nesse periodo ou só surgiram no Jurassíco?
ResponderExcluirExistem alguns poucos dinossauros do Triássico que podem ser ornitísquios, como o Pisanosaurus da Argentina, mas esses fósseis são muito escassos e a classificação deles é difícil. Então, se os ornitísquios já estavam presentes durante o Triássico, eles não deviam ser muito diversificados ou abundantes.
ExcluirTem com fazer posts sobre o aetossauro o fitossauro , o silessauro o redondassauro o psephoderma , o shonissauro , oeudimorphodon o austriadactilus e o drepanossauro
ResponderExcluirSim, ao longo do tempo eu vou fazer. Aliás, já tem dois fitossauros por aqui: o Phytosaurus e o Rutiodon.
ExcluirEsqueci o cymbospondylus
ResponderExcluirOk, haha!
ExcluirEstou desenvolvendo um jogo educativo digital para um Museu, e o seu blog está me ajudando muito! Conteúdo riquíssimo e bem explorado! Muito obrigada e continue desenvolvendo esse belíssimo trabalho! Sucesso!
ResponderExcluirObrigado! Muito bom saber disso!
ExcluirFaz o Coelophysis.
ResponderExcluirVou fazer!
Excluirme salvou em um trabalho de escola .Obrigado (a)
ResponderExcluirQue ótimo! Volte mais vezes.
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