12 janeiro 2018

Éon Proterozoico

Célula procariótica e várias formas de cianobactérias.
Crédito: Christian Jégou / Publiphoto Diffusion

    O éon Proterozoico é a faixa de tempo compreendida de 2,5 bilhões a 541 milhões de anos atrás. É a parte mais recente do superéon Pré-Cambriano, vindo logo após o éon Arqueano. O nome significa, em grego, "anterior à vida", porque costumava-se acreditar que a vida teria surgido somente no éon seguinte, o Fanerozoico. Hoje, porém, sabe-se que os primeiros estágios da vida na Terra ocorreram muito antes disso. O Proterozoico divide-se em três eras geológicas: Paleoproterozoica (2,5 a 1,6 bilhões de anos atrás ou Ga), Mesoproterozoica (1,6 a 1 Ga) e Neoproterozoica (1 Ga a 541 milhões de anos atrás ou Ma).

Tabela do tempo geológico em escala, com destaque para o Proterozoico.
© Mundo Pré-Histórico

    As placas tectônicas do planeta estavam bastante ativas durante o Proterozoico, por isso ocorriam sucessivas colisões e separações de massas terrestres. Surgiram os primeiros protocontinentes, ou crátons - estruturas geológicas estáveis que seriam os "embriões" dos continentes atuais. Na era Paleoproterozoica, entre 2,1 bilhões e 1,8 bilhão de anos atrás, as terras emersas formaram o supercontinente Colúmbia, que rompeu-se entre 1,5 e 1,35 bilhão de anos atrás, aproximadamente. Os fragmentos derivados da ruptura de Colúmbia juntaram-se novamente entre 1,3 bilhão e 900 milhões de anos atrás, no Neoproterozoico, criando o supercontinente Rodínia, que dividiu-se novamente entre 750 e 633 milhões de anos atrás. No final da era Neoproterozoica, há cerca de 600 milhões de anos, os continentes do sul unificaram-se e deram origem à Gonduana.

Disposição dos continentes há 600 milhões de anos, no período Ediacarano.
Crédito: Dr. Ronald Blakey, Universidade do Norte do Arizona
(Com modificações)

A "Terra Bola de Neve"


Formações ferríferas bandadas, como esta na Austrália Ocidental, são rochas sedimentares de grande valor econômico e origens pré-cambrianas.
Crédito: cortesia de Kurt Konhauser

    Um dos eventos mais importantes do Proterozoico foi o acúmulo de oxigênio na atmosfera terrestre. Esse gás começou a ser produzido ainda no Arqueano, através de fotossíntese por parte de cianobactérias, mas boa parte dele reagia com compostos de enxofre e ferro presentes nos oceanos e era depositado no fundo do mar. As formações ferríferas dessa época são as maiores reservas atuais de minério de ferro do mundo. Quando o ferro dos oceanos foi totalmente oxidado, o oxigênio começou a acumular-se na atmosfera. Mas ao contrário do que se poderia esperar, depois de milhões de anos isso foi uma catástrofe.
    Os níveis crescentes de oxigênio podem ter dizimado uma parcela enorme da biodiversidade da Terra no momento, até então composta por seres unicelulares anaeróbios (isto é, que respiram na ausência de oxigênio). Além disso, ele reagia com o metano existente na atmosfera, um poderoso gás de efeito estufa, reduzindo sua concentração, o que provocou uma das mais longas e severas eras glaciais de toda a história da Terra.
    A glaciação Huroniana durou 300 milhões de anos, de 2,4 a 2,1 bilhões de anos atrás. Ela foi seguida por um longo período quente, causado, acredita-se, por extensas atividades vulcânicas, que teriam liberado grandes quantidades de gás carbônico e potencializado novamente o efeito estufa.

Possível aparência da Terra durante as glaciações do Proterozoico.
Crédito: Chris Butler / SPL

    O Proterozoico é caracterizado por suas glaciações intermitentes e generalizadas. No período Criogeniano da era Neoproterozoica (entre 720 e 635 Ma), ocorreram mais duas  longas glaciações: a Sturtiana e a Marinoana. Durante esses eventos, a Terra ficou completamente (ou quase) coberta de gelo, mesmo em regiões equatoriais, o que originou o termo "Terra Bola de Neve".
    Outro fator que ajudava a manter o planeta com temperaturas baixas era a ausência de cobertura vegetal nos continentes. O solo e as rochas nuas, e principalmente a neve, refletem grande parte da luz solar de volta ao espaço. Dessa forma, a quantidade de calor aprisionada no planeta era muito menor do que hoje. (Esse conceito é conhecido como albedo.)
    Mesmo em um planeta coberto de gelo, haveria diferenças de temperatura de uma região para outra e, em alguns locais onde havia água líquida, a vida pôde sobreviver.

Os primeiros eucariontes e a fauna ediacarana


Litoral proterozoico, repleto de estromatólitos.
Crédito: (autor desconhecido)
Solo oceânico proterozoico.
Crédito: The Natural History Museum / Alamy Stock Photo

    Os primeiros seres vivos eram procarióticos (células sem núcleo), representados por uma abundância de bactérias e arqueas. Os estromatólitos, estruturas rochosas formadas por camadas de micro-organismos e lama, alcançaram sua maior diversidade e distribuição, florescendo em águas rasas de todo o mundo e formando recifes de milhares de quilômetros de extensão. Só entraram em declínio há cerca de 700 milhões de anos, no período Criogeniano.
    As células eucarióticas provavelmente surgiram há 2,1 bilhões de anos, coincidindo com a elevação das taxas de oxigênio, e caracterizam-se por manter seu material genético dentro de uma membrana (núcleo). Entre os eucariontes, desenvolveram-se os primeiros organismos com reprodução sexuada (que ocorre com a fusão de gametas), dos quais predominavam as algas multicelulares, que apareceram há cerca de 1,3 bilhão de anos.
    O aumento constante da oferta de oxigênio e a formação da camada de ozônio na atmosfera (que filtra os raios solares) possibilitaram o surgimento de formas de vida maiores e mais complexas. Somente nos últimos 100 milhões de anos do éon houve mudanças significativas na estrutura desses seres, quando surgiram os metazoários (animais): organismos eucariontes e multicelulares, cujas células constituem tecidos diferenciados e realizam respiração.

A região de Ediacara Hills, na Austrália, contém inúmeros fósseis de formas de vida multicelulares primitivas, de até 600 milhões de anos de idade.
Crédito: Franz Anthony


    Assim que as idades do gelo chegaram ao fim, encontramos uma exótica variedade de formas de vida nos mares, muito diferentes das que conhecemos hoje. Algumas se pareciam com moluscos, águas-vivas, algas ou vermes. Esses primeiros animais se espalharam pelo mundo, tinham configuração simples e corpos macios. Viviam ancorados no solo oceânico e retiravam seu alimento da água. Esse conjunto de seres vivos, conhecido como fauna ediacarana, surgiu no último período do Proterozoico, o Ediacarano, e corresponde às primeiras formas de vida complexas do planeta. Não se sabe ao certo se eles realmente pertencem a grupos modernos de animais ou se representam linhagens que se extinguiram completamente durante a transição do Proterozoico ao Cambriano - o primeiro período de uma nova era, de um novo éon.

O estranho organismo fossilizado Dickinsonia, de afinidades enigmáticas, viveu há 550 milhões de anos.
Crédito: Alex Liu
Fauna ediacarana.
Crédito: Christian Jégou / Publiphoto Diffusion / Science Photo Library


19 comentários:

  1. Anônimo6/2/18

    Há muito tempo venho procurando por um site sobre Pré-história assim, parabéns amigo simplesmente fantástico.

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    1. Fico muito agradecido, volte sempre!

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    2. Parabéns pela compilação, muito bom!
      Pretende continuar com o eon fanerozoico?

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    3. Como o éon Fanerozoico é o conjunto das eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica, ele está dividido nestas postagens, onde você encontra mais detalhes. Ainda não terminei, mas estou trabalhando nisso! Valeu!

      Siga o blog no Facebook: @blogmundoprehistorico

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    4. Muito bom serviu para o meu trabalho OBRIGADO tirei 10

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    5. Continue assim muito bom

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    6. Que demais! Muito obrigado.

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    7. Oi Felipe, legal o material, ficou joia

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  2. Trabalho incrivel

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  3. Anônimo23/5/19

    achei foda bro

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  4. seu trabalho é fantástico, esta me ajudando mto nos trabalhos escolares

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  5. Anônimo2/6/20

    Eu tambem fico feliz por que isto esta me ajudando nos meus trabalhos escolares.

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  6. Anônimo8/2/24

    Caramba! Estou surpreendido, tanto o éon Hadeano, Arqueano e Proterozoico ficaram muito bom! Fez a explicação da Terra Bola de Neve e até o Grande Evento de Oxidação (GOE). Deve meus parabéns!

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