Era Cenozoica: a era dos mamíferos

Alguns animais do Cenozoico, da esquerda para a direita: Ptilodus, do Paleoceno; Chriacus, Coryphodon, Gastornis e Plesiadapis, do Paleoceno-Eoceno; Eobasileus, Hyracotherium e Andrewsarchus, do Eoceno; Arsinoitherium, do Eoceno-Oligoceno; Paraceratherium, do Oligoceno; Megacerops, do Eoceno; Phorusrhacos, Moropus, Amebelodon e Proconsul, do Mioceno; além de diversos outros primatas.
Crédito: Christian Jégou/Science Source Images

    A era Cenozoica é a era geológica atual, a última do éon Fanerozoico. Ela representa os últimos 66 milhões de anos, sucedendo a era Mesozoica e seguindo até os dias de hoje. Divide-se em três períodos: Paleógeno, Neógeno e Quaternário, do mais antigo para o mais recente, os quais são subdivididos em sete épocas: Paleoceno, Eoceno, Oligoceno, Mioceno, Plioceno, Pleistoceno e Holoceno. Até 2004, era reconhecido o período Terciário, que correspondia, em linhas gerais, à junção do Paleógeno com o Neógeno.

Tabela do tempo geológico em escala, com destaque para o Cenozoico.
© Mundo Pré-Histórico

    O nome Cenozoico vem do grego kainós, "novo", e zōḗ, "vida", significando, portanto, "vida nova". Originalmente grafado Kainozoic, ele foi proposto em 1840, pelo geólogo britânico John Phillips.

    Enquanto no Mesozoico é usual ouvirmos falar de seus períodos (Triássico, Jurássico e Cretáceo), a utilização mais comum das épocas do Cenozoico nos ajuda a melhor organizar os vários eventos relevantes que ocorreram durante esse intervalo relativamente curto. Não que este tenha sido um tempo anormalmente agitado na história da Terra, mas o conhecimento sobre essa era é muito mais detalhado, por estar registrado em rochas jovens e que ainda não sofreram tantas transformações. Rochas cenozoicas estão expostas extensivamente em todos os continentes, predominando as sedimentares em regiões de planícies - rochas estas que contêm fósseis e mais da metade das reservas de petróleo do mundo.

Clima, geologia e vida no Cenozoico

O clima quente do Eoceno e a presença de uma série de lagos na região de Messel, Alemanha, há 47 milhões de anos, suportavam florestas subtropicais exuberantes e uma incrível diversidade de formas de vida.
© Raúl Martín, 2009

    Durante os primeiros 10 milhões de anos dessa era, o clima continuou quente e úmido, como no Cretáceo, culminando no Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno, um evento de brusca mudança climática. A partir de então, iniciou-se uma tendência global de esfriamento e ressecamento, que levou às glaciações do Pleistoceno. Geologicamente, o Cenozoico é a era em que os continentes assumiram sua configuração atual, após a ruptura, durante o Mesozoico, das grandes massas terrestres Laurásia e Gonduana. Várias das cadeias montanhosas de hoje foram produzidas durante o Cenozoico, devido a choques entre as placas tectônicas, e as novas formas de relevo esculpiram paisagens que levaram ao desenvolvimento da flora e fauna modernas.

    A era Cenozoica começou com o evento de extinção em massa do Cretáceo-Paleógeno, há 66 milhões de anos, quando muitas espécies, incluindo os dinossauros não avianos, desapareceram. A extinção de vários grupos de animais abriu caminho para os mamíferos e as aves se diversificarem significativamente. Como os maiores animais terrestres desde então foram os mamíferos, e por eles terem dominado ambos os hemisférios do planeta, o Cenozoico é conhecido como a "era dos mamíferos". Mas não podemos esquecer que a diversidade da vida nessa era vai muito além deles, incluindo também insetos, plantas angiospermas, peixes e aves, entre outros.

Alguns animais cenozoicos icônicos, da esquerda para a direita: Thylacosmilus, Elasmotherium, Deinotherium, Prolibytherium, Mammuthus primigenius, Megaloceros, Arsinoitherium, Pelagornis, Doedicurus, Megatherium, Titanoboa, Paraceratherium, Chalicotherium, Daeodon e ser humano - sim, estamos inclusos nessa.
Crédito: Mario Lanzas, 2020

    A grande pluralidade que caracteriza a flora atual é atribuída à notável expansão e radiação evolutiva das plantas com flores, as angiospermas. Conforme aumentou o gradiente térmico do planeta, isto é, a diferença de temperatura entre as latitudes, a vegetação tomou um caráter cada vez mais regional. Plantas decíduas, por exemplo, passaram a predominar nas regiões mais frias, enquanto as variedades perenes prevaleceram nos trópicos e subtrópicos. Nas planícies onde as florestas declinaram, as gramíneas se propagaram pela primeira vez.

Na região de Nova York, no início do Pleistoceno, mamutes-lanosos (Mammuthus primigenius), renas (Rangifer tarandus), bois-almiscarados-gigantes (Praeovibos priscus), raposas-do-ártico (Vulpes lagopus) e lêmingues-de-colarinho (gênero Dicrostonyx) vagam por uma tundra glacial coberta por gramíneas, musgos e salgueiros arbustivos e pontuada por pedaços de rochas deixados por geleiras.
© Beth Zaiken, 2016

    Todas essas transformações geológicas, climáticas e ecológicas têm repercussões diretas sobre nós, pois foram elas que moldaram o mundo que conhecemos hoje e abriram caminho para a evolução humana. Os primeiros hominídeos originaram-se somente no quarto final da era. Por fim, muito recentemente em termos geológicos, há pouco mais de 2 milhões de anos, surgiu o gênero humano, responsável por novas alterações ambientais profundas que seguem até atualmente, com impactos severos sobre todas as demais formas de vida.

Tribo de seres humanos do Paleolítico (período da história humana situado, em grande parte, durante o Pleistoceno). Eles eram nômades caçadores-coletores, formaram os primeiros núcleos familiares e desenvolveram os primeiros artefatos em pedra lascada.
Crédito: (autor desconhecido)

Fontes: Encyclopedia Britannica, Live Science, Toda  Matéria, University of California Museum of Paleontology e Wikipedia.