Dinossauros do outro lado da galáxia!

Crédito: Vinicius Gut

    Os dinossauros viveram do outro lado da galáxia. Sim, é isso mesmo que você leu! Mas não se trata de nenhuma espécie alienígena, muito menos de uma história de ficção científica. É apenas uma constatação muito curiosa feita pela astrofísica Dra. Jessie Christiansen, pesquisadora da NASA, que teve a ideia de combinar as escalas de tempo geológica e astronômica. A explicação é bem simples.

    Assim como a Terra orbita o Sol, nossa estrela também gira em torno do centro da Via Láctea, levando consigo todo o Sistema Solar. Segundo os cientistas, um ciclo completo desse fenômeno dura aproximadamente 200 a 225 milhões de anos. Isso significa que a última vez que o Sistema Solar esteve na mesma posição de hoje dentro de nossa galáxia ocorreu quando os dinossauros haviam acabado de surgir, no final do período Triássico. A era dos dinossauros durou outros 150 milhões de anos, portanto a maior parte das espécies pisou no planeta quando este se localizava em uma posição bem diferente na Via Láctea. Levou quase meia volta galáctica para que eles dominassem o mundo, o que aconteceu no período Jurássico e, principalmente, no Cretáceo. Dessa maneira, alguns dinossauros bem emblemáticos, como o espinossauro e o iguanodonte, viveram, de fato, do outro lado da galáxia!

Plotagem de alguns dinossauros em torno da Via Láctea, de acordo com a posição da Terra e do Sistema Solar na época em que viveram. A figura humana indica nossa localização atual. A partir dela, em sentido horário, temos: Plateosaurus, Dilophosaurus, Megalosaurus, Apatosaurus, Stegosaurus, Iguanodon, Spinosaurus, Styracosaurus e Tyrannosaurus, além das aves (que não deixam de ser dinossauros!) Gastornis, Inkayacu e Pelagornis.
© Mundo Pré-Histórico, 2021
Crédito da imagem de fundo: NASA / JPL-Caltech / ESO / R. Hurt

    Vale notar, porém, que o movimento do Sol em torno do centro da Via Láctea não é perfeitamente circular. Os sistemas planetários se movem em órbitas diferentes e em velocidades diferentes - quanto mais afastada, mais lenta é a estrela. Além disso, a própria galáxia está se movendo pelo Universo, na direção da nossa vizinha Andrômeda. Isso faz com que o movimento do Sol mais se pareça com uma espiral do que com um círculo. Ele não retorna, então, exatamente ao mesmo ponto, mas, grosso modo, pode-se dizer que sim, pois sempre mantém uma distância parecida do centro da Via Láctea.

    Para os dinossauros, provavelmente a maior consequência desse fenômeno é que eles não viam o mesmo céu noturno que nós vemos - a posição das estrelas (vistas daqui) era bem diferente há dezenas de milhões de anos. Para nós, esse entendimento nos oferece uma perspectiva totalmente nova a respeito da evolução do Universo e da vida na Terra. Com toda certeza, nosso planeta será completamente diferente em seu próximo aniversário galáctico.

Fontes: Revista Galileu e Superinteressante.