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O celidossauro ("lagarto do membro posterior") é um dinossauro ornitísquio do Jurássico Inferior das Ilhas Britânicas. Viveu entre 196,5 e 183 milhões de anos atrás, entre as idades Sinemuriana e Pliensbaquiana, tempo em que a Europa fazia parte do supercontinente Laurásia. Um dos tireóforos (dinossauros blindados) mais antigos que se conhecem, era um animal herbívoro de aproximadamente 4 m de comprimento e 270 kg - um tamanho médio para a época em que viveu.
Possuía uma cabeça pequena e alongada, com cerca de 20 cm de comprimento, que portava dois pequenos cornos na margem posterior. O crânio baixo tem um perfil triangular quando visto de cima, semelhante ao dos primeiros ornitísquios, e um focinho plano no topo. A textura áspera dos ossos cranianos indica que, em vida, eles eram cobertos por escudos córneos, como os das tartarugas. Os olhos eram levemente sombreados por uma pequena crista à frente de cada órbita. Seu torso era relativamente estreito, o pescoço, ligeiramente alongado, e a cauda, moderadamente curta, enrijecida por tendões ossificados na região próxima à cintura.
Durante décadas foi considerado um dos tireóforos mais primitivos, parte da linhagem que deu origem aos anquilossauros e estegossauros, mas hoje é classificado como mais aparentado aos anquilossauros. Comparado a eles, o celidossauro tinha uma armadura leve, composta por placas ósseas fixadas na pele, chamadas osteodermes. Os osteodermes variavam em forma e tamanho, sendo a maioria composta por placas ovais, com uma crista alta e pontuda voltada para trás. Os maiores alinhavam-se em três fileiras horizontais em cada lado do tronco (a inferior tinha osteodermes mais cônicos), separadas por carreiras de osteodermes menores. Na cauda havia um total de quatro fileiras de grandes placas: uma na linha média superior, outra na linha média inferior e duas laterais. O pescoço era protegido por duas fileiras de cada lado, mas aqui os osteodermes assumem a forma de grandes lâminas. Logo atrás da cabeça, formavam um par de placas tridentadas únicas. Todos eles reduziam de tamanho em direção à cauda, especialmente na superfície das coxas. Para completar, osteodermes diminutos e achatados preenchiam os espaços restantes entre os demais. Nos anquilossauros, esses grânulos ósseos futuramente se tornariam grandes escudos, fundindo-se em uma armadura óssea sólida, como visto no anquilossauro e no euplocéfalo, por exemplo.
© Masato Hattori |
O celidossauro se alimentava de vegetação baixa, que cortava com seus pequenos dentes em forma de folha, para então ser processada em um grande intestino. Como sua articulação mandibular curta permitia somente movimentos verticais, ele não era capaz de triturar o alimento como faziam ornitísquios mais tardios. A cabeça estreita, similar à dos estegossauros, pode indicar uma dieta mais seletiva, provavelmente consistindo em samambaias e coníferas, cujas folhas eram arrancadas por seu pequeno bico na ponta das maxilas superior e inferior. Os membros traseiros mais longos que os dianteiros podem ter permitido ao celidossauro apoiar-se em duas patas para alcançar plantas mais altas, mas ainda assim seus braços eram relativamente alongados, indicando uma postura predominantemente quadrúpede.
Seus primeiros fósseis foram encontrados nos anos 1850, na Formação de Lamito de Charmouth, em Dorset, Inglaterra, em uma pedreira pertencente a James Harrison. Em 1858, alguns ossos fragmentados de membros foram enviados ao professor Richard Owen, do Museu Britânico (atualmente Museu de História Natural). Owen nomeou o gênero Scelidosaurus no ano seguinte, com a intenção de fazer referência aos membros posteriores bem desenvolvidos da criatura, porém confundiu as palavras gregas skelos ("membro posterior) e skelis ("costela"), o que resultou em um nome que significa, na verdade, "lagarto costela". Harrison enviou, posteriormente, uma articulação de joelho, uma garra, um espécime jovem e um crânio, que Owen descreveu em 1861, ao mesmo tempo em que batizava a espécie como Scelidosaurus harrisonii e a colocava no grupo Dinosauria. O crânio seria revelado como parte de um esqueleto em que faltava somente a ponta do focinho, a base do pescoço, os membros dianteiros e a ponta da cauda - centenas de osteodermes ainda se encontravam próximo a suas posições originais. Esse material é notável por seu excelente estado de preservação, tanto que o celidossauro foi o primeiro fóssil completo de dinossauro conhecido e até hoje, contando com novas descobertas, é o mais completo das Ilhas Britânicas. Apesar disso, uma descrição moderna e completa do animal só foi publicada em 2020.
Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Sauropsida
Clado: Dinosauria
Ordem: †Ornithischia
Clado: †Genasauria
Clado: †Thyreophora
Gênero: †Scelidosaurus
Espécie: †Scelidosaurus harrisonii
Crédito: Cisiopurple, 2016 |
Fontes: Prehistoric Wildlife, University of Cambridge e Wikipedia.
Tu demorou tanto para postar, Felipe, que pensei que você tivesse morrido, kkk! A postagem, como sempre, ficou sensacional, estou adorando esses artigos mais longos e bem detalhados. Sempre tive a impressão de o Scelidosaurus estivesse realmente mais aparentado aos anquilossauros, por conta da compleição mais pesada. Acho que daria uma certa agonia ver esse bicho vivo, todo cheio de osteodermes soltos parecendo um porco-espinho. Aliás, Felipe, qual será sua próxima postagem?
ResponderExcluirObrigado, Vinícius! Ando bastante ocupado, mas quando puder eu apareço com uma nova postagem. Planejei trazer um animal do início do Cenozoico, já que nos próximos artigos também pretendo explorar o período Paleógeno!
ExcluirJá estou ansioso para saber qual é, rsrs.
ExcluirFinalmente você acordou da longa hibernação! Só postagem top!
ResponderExcluirQueria estar hibernando, haha! Valeu!
Excluirnossa , n comento aqui ha um tempo
ResponderExcluirmas estou sempre vizualizando
Felipe, planeja uma postagem sobre o Daspletosaurus
ResponderExcluirOk
ExcluirFelipe, você sabe como seria a tradução de Ashfall? Procurei de todas as formas uma tradução que ficasse coerente, mas não cheguei a resultado nenhum. Pretendo fazer um vídeo sobre esses Leitos Fósseis.
ResponderExcluirPoderia ser "queda ou precipitação de cinzas", porém acho melhor manter o termo original, por ser um nome próprio e a tradução ficar muito esquisita.
Excluir"Leitos Fósseis Queda de Cinzas", nossa, fica muito ruim, kkkkkk! Vou manter o original mesmo.
ExcluirSim, kkkkk
Excluir😮
ResponderExcluirEncontrei seu blog através de uma pesquisa sobre o ammonoidea, vi sobre elas na série da Apple "planeta pré histórico", adorei o blog, continue postando. Falar nosso, você vê a série? Fica a indicação
ResponderExcluirAinda não assisti, mas quero ver! Obrigado, Allex!
ExcluirO celudossauro possui uma historia bem interessante por trás de suas descobertas científicas
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