Tarbossauro persegue dois galimimos. Crédito: John Conway, 2010 |
O tarbossauro ("lagarto aterrorizante", do grego tarbos, "terror", e sauros, "lagarto") é um terópode tiranossaurídeo que viveu na Ásia entre 72 e 68 milhões de anos atrás, no final do Cretáceo Superior (idade Maastrichtiana). Embora um pouco menor que o tiranossauro, ainda está entre os maiores dinossauros de sua família, medindo até 10 m de comprimento, 3 m de altura no quadril e pesando de 4,5 a 5 toneladas.
© Mundo Pré-Histórico (Baseado na reconstrução de Scott Hartman, 2022) |
Esse grande predador era equipado com 58 a 64 grandes dentes, que mediam até 8,5 cm, em um crânio que podia chegar a mais de 1,3 m de comprimento (o segundo maior crânio entre os tiranossaurídeos, depois do tiranossauro). As conexões entre os ossos da maxila superior formavam uma estrutura mais reforçada para absorver os esforços de mordida; a mandíbula também possuía um mecanismo de travamento único entre os ossos angular e dentário, que a tornava mais rígida, característica compartilhada apenas com o alioramo - sugerindo um possível parentesco mais próximo com esse tiranossaurídeo com o qual conviveu. O crânio do tarbossauro era alto como o do tiranossauro, porém menos largo, especialmente na parte posterior. Dessa forma, os olhos não ficavam voltados diretamente para frente, o que significa que ele não tinha a visão binocular de seu primo mais famoso. Grandes aberturas (fenestras) ajudavam a reduzir o peso do crânio, ao dar espaço para sacos de ar, os quais também preenchiam cavidades nas vértebras e nos ossos dos membros.
Ilustrações mostrando as diferenças entre os crânios de tarbossauro (à esquerda) e tiranossauro (à direita). Além de mais estreito e com a parte posterior menos expandida lateralmente, o crânio do tarbossauro possui o osso lacrimal (à frente da órbita ocular, em cinza-claro) com contorno arqueado, formando uma pequena crista ornamental sobre os olhos. Crédito: Hurum e Sabath, 2003 |
Seu formato corporal é basicamente o mesmo dos demais tiranossaurídeos: uma cabeça grande, suportada por um pescoço em forma de S, com o restante da coluna vertebral, incluindo a cauda, mantida na horizontal. Pernas fortes sustentavam o corpo sobre três dedos de cada pé, a cauda longa servia como contrapeso para a cabeça e o torso, assentando o centro de gravidade sobre os quadris, e os braços reduzidos terminavam em mãos com dois dedos com garras. Os braços do tarbossauro, no entanto, são os menores em relação ao corpo entre todos os tiranossaurídeos. Ainda assim, a presença de fraturas por estresse (causadas por tensões recorrentes) em um osso da mão de um indivíduo indica um uso frequente dos membros dianteiros para ajudar a lidar com as presas e, desse modo, revela que este era um predador bastante ativo, não um mero carniceiro.
Ele viveu em planícies de clima úmido, entrecortadas por rios, ambiente onde estava no topo da cadeia alimentar. Fósseis de dinossauros herbívoros (saurolofo e Deinocheirus) apresentam marcas de mordidas cujo formato e tamanho são condizentes com a dentição do tarbossauro, e um estudo envolvendo isótopos estáveis descobriu que ele se alimentava de grandes animais de seu habitat, principalmente titanossauros (como nemegtossauro e Opisthocoelicaudia) e hadrossaurídeos (como saurolofo e Barsboldia). Estima-se que a força de sua mordida girava em torno de 3,6 a 4,5 toneladas-força, o suficiente para esmagar ossos.
Os filhotes possuíam um crânio um pouco mais delicado e dentes mais finos, portanto deviam ter preferências alimentares diferentes das dos adultos, o que reduzia a competição entre as diferentes faixas etárias. O fóssil de um indivíduo de 2 ou 3 anos de idade com grandes anéis escleróticos (anéis ósseos que suportavam os olhos) demonstra que os mais jovens caçavam em condições de pouca luz, à noite ou ao crepúsculo, enquanto os adultos deviam caçar de dia.
Espécimes de tarbossauro de difererntes idades são conhecidos. Crédito: Sergey Krasovskiy |
O tarbossauro é representado por mais de 30 espécimes fossilizados, incluindo mais de 15 crânios e vários esqueletos pós-cranianos completos, o que permitiu importantes estudos científicos focados em sua filogenia, mecânica do crânio e até em sua estrutura cerebral. Dotado de bulbos olfatórios, nervos olfatórios e nervo terminal bem desenvolvidos, o animal devia contar com um excelente olfato, assim como uma audição apurada e um bom senso de equilíbrio, como evidenciado pelo tamanho dos nervos auditivos. Sua visão, por outro lado, não era tão desenvolvida, uma vez que o teto mesencefálico, os nervos ópticos e os nervos oculomotores eram pequenos. Impressões fossilizadas da pele da região torácica de um indivíduo exibem um padrão de escamas não sobrepostas com um diâmetro médio de 2,4 mm. Outras impressões de pele apontam para a existência de uma barbela ou bolsa na garganta do animal.
O primeiro exemplar de tarbossauro, composto por um crânio e algumas vértebras, foi descoberto na Formação Nemegt, em 1946, por uma expedição científica soviético-mongol ao Deserto de Gobi, na Mongólia. Em 1955, Evgeny Maleev o tornou o holótipo de uma nova espécie, que chamou de Tyrannosaurus bataar (o epíteto específico é um erro ortográfico da palavra mongol baatar, que significa "herói"). No mesmo ano, Maleev nomeou outros três crânios menores, associados a esqueletos encontrados na mesma expedição, entre 1948 e 1949: Tarbosaurus efremovi (homenagem ao paleontólogo russo Ivan Yefremov), em um novo gênero; e Gorgosaurus lancinator e Gorgosaurus novojilovi, no gênero norte-americano Gorgosaurus. Em 1965, Anatoly Rozhdestvensky reconheceu todas as espécies de Maleev como diferentes estágios de crescimento de uma mesma espécie, que ele acreditava ser distinta do tiranossauro norte-americano. Criou, então, a nova combinação Tarbosaurus bataar para incluir todos os espécimes descritos em 1955, além de novos materiais. Nas décadas seguintes, outros paleontólogos interpretariam novamente o tarbossauro como uma espécie de tiranossauro, mas, atualmente, a maioria concorda em manter os dois gêneros separados.
Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Sauropsida
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Theropoda
Família: †Tyrannosauridae
Subfamília: †Tyrannosaurinae
Gênero: †Tarbosaurus
Espécie: †Tarbosaurus bataar
Crédito: Gabriel Ugueto, 2021 |
O número de dentes do tarbossauro é um pouco maior do que no tiranossauro, mas não supera o número visto em tiranossaurídeos menores, como o gorgossauro e o alioramo. |
Perguntas!
ResponderExcluirQual é o tiranossaurídeo mais antigo, de que continente eles vieram e qual era o maior dinossauro carnívoro do continente asiático?
Os tiranossaurídeos viveram na América do Norte e na Ásia. Não se sabe o local e a época exatos em que surgiram, embora os mais antigos já descobertos viveram no final do Cretáceo, no oeste da América do Norte - o mais antigo é o Lythronax, que nem por isso, entretanto, é o mais primitivo.
ExcluirTenho que pesquisar melhor, mas acho que o maior terópode asiático é o tarbossauro.
Obrigado pela resposta!
ExcluirMas não descobriram o Dynamoterror, que dizem ser o mais antigo. E no começo desse ano disseram que descobriram outro que era mais antigo ainda, o thanatotheristes
Verdade, há o Dynamoterror e o Thanatotheristes. Mas, pelo que eu vi, eles viveram em torno da mesma época que o Lythronax, há 80 milhões de anos (inclusive, a maioria dos sites traz uma idade ligeiramente mais nova para o Thanatotheristes: 79 milhões de anos).
ExcluirEntão tá tudo certo!
ExcluirPois alguns sites diziam logo que era o mais antigo já encontrado, na minha opinião acho que é só para chamar mais atenção
Nossa! Vocês dois sabem muito, já que citou o Thanatotheristes poderia falar dele na próxima postagem
ExcluirOk, alguma hora eu falo sobre ele.
ExcluirFelipe, eu pesquisei e o Lythronax é realmente o mais antigo tiranossaurídeo. Nos sites em que pesquisei todos eles atribuem uma idade de 80,6 a 79,9 milhões de anos, já o Dynamoterror tiveram os fósseis datados de 80 milhões de anos, com algumas fontes trazendo idades ligeiramente mais nova, de 78 milhões de anos atrás.
ExcluirDeve ser isso mesmo, então. Às vezes as notícias exageram um pouco quando anunciam a descoberta de uma nova espécie de dinossauro.
ExcluirRealmente, as vezes eu me perco, então vou pesquisando em vários sites e vendo qual notícia está sendo mais divulgada.
ExcluirParabéns, muito bom a matéria sobre o Tarbossauro.
ResponderExcluirGostei muito! Eu achava que Tyranossauro e Tarbossauro eram mesma especíe só de lugares diferentes.
ResponderExcluirMe atualizou bastante
Se não for muito. Poderia me informar muito esse animal tem algun parentesco com o Torvossauro!
Valeu! Tanto o tarbossauro quanto o torvossauro são dinossauros terópodes, mas eles pertencem a grupos diferentes. A semelhança maior fica por conta do nome mesmo.
ExcluirFelipe , poderia acrescentar informações adicionais sobre o controverso Raptorex 😀 ?
ResponderExcluirOk, quando eu atualizar esta postagem eu falo sobre ele.
ExcluirVejo que você atualizou a postagem Felipe! Eu gosto das suas postagens e sempre fico feliz quando você atualiza as de animais famosos,
ResponderExcluirSim, atualizei. Valeu, Leandro!
Excluiras artes onde tem o dinossauro em comparação com o humano são orinais?
ResponderExcluirSim, aquelas imagens com o logotipo do site ao fundo são produzidas por mim!
ExcluirQuando os Continentes tendem a se aglutinarem a evolução tende aos dinossauros (adaptação); quando, reciprocamente, tendem a se separarem a evolução tende ao beija-flor (exaptação). Todos e quaisquer comentários de pesquisas, estão neste entremeio.
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