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12 março 2011

Picnonemossauro, um grande predador brasileiro

Crédito: Sergey Krasovskiy

Atualizado em julho de 2022

    O picnonemossauro (do grego pycnós, "denso", do latim nemus, "vegetação", e do grego sauros, "lagarto", portanto "lagarto da vegetação densa") é um terópode abelissaurídeo que viveu no centro-oeste do Brasil há 70 milhões de anos, no fim do Cretáceo Superior (idade Maastrichtiana). Seu nome não se refere ao habitat em que vivia, mas ao estado do Mato Grosso. Inicialmente estimado em 7 m de comprimento e 1,2 tonelada, teve suas dimensões recalculadas em 8,9 m de comprimento, 3 m de altura e 3,6 toneladas, o que o torna o maior de todos os abelissaurídeos até o momento.

© Mundo Pré-Histórico
(Baseado na reconstrução de Gunnar Bivens, 2018)

    É também o segundo maior terópode brasileiro, perdendo apenas para o Oxalaia. Como o grande predador que era, atacava saurópodes de porte médio, crocodilomorfos e dromeossauros. Até cogita-se a possibilidade de ter predado o maxacalissauro, um grande titanossauro brasileiro. Entre as características compartilhadas pelos abelissaurídeos estão pernas fortes, braços atrofiados e um crânio curto e alto, coberto por sulcos e depressões. Os dentes do picnonemossauro eram pequenos, porém afiados, e utilizados para segurar a presa enquanto a sacudia e dilacerava.
    Os restos conhecidos da espécie são fragmentos e nenhum deles está bem preservado, mas ainda assim o picnonemossauro é um dos abelissaurídeos brasileiros mais bem representados no registro fóssil: foram recuperados cinco dentes incompletos, partes de sete vértebras caudais, a parte distal do púbis direito, a tíbia direita e a articulação distal da fíbula direita. Esse material, que compreende um único indivíduo, foi descoberto em 1952, na fazenda Roncador, em Querência, Mato Grosso, por Llewellyn Ivor Price, um dos primeiros paleontólogos brasileiros. Permaneceu guardado no Museu de Ciências da Terra, no Rio de Janeiro - RJ, até que, em 2002, os paleontólogos Diógenes de Almeida Campos e Alexander Kellner descreveram e batizaram o animal. O epíteto específico do nome é uma homenagem ao advogado Dr. Iedo Batista Neves, incentivador das pesquisas paleontológicas.

Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Sauropsida
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Theropoda
Família: †Abelisauridae
Clado: †Furileusauria
Gênero: †Pycnonemosaurus
Espécie: †Pycnonemosaurus nevesi

Na cor branca, os elementos conhecidos do esqueleto do picnonemossauro. O restante é baseado em espécies aparentadas.
Crédito: Felipe Alves Elias, 2011
Réplica do esqueleto do picnonemossauro em exposição no Museu de História Natural de Mato Grosso Casa Dom Aquino, em Cuiabá.
Foto: divulgação

2 comentários:

  1. Ok, por essa eu realmente não esperava...
    Adorei a atualização, as informações estão em um nível excelente! Você me surpreende a cada postagem, Felipe.

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