Sarcossuco, o crocodilo gigante

Sarcossuco confronta um sucomimo. Ao fundo, dois ouranossauros.
© Raúl Martín

Atualizado em junho de 2020

    O sarcossuco (do grego sarco, "carne", e suchus, "crocodilo", ou seja, "crocodilo da carne") é um crocodilomorfo folidossaurídeo, parente distante dos crocodilianos atuais (e não um de fato), que viveu no Cretáceo Inferior (do final da idade Hauteriviana ao início da Albiana), entre aproximadamente 133 e 112 milhões de anos atrás, no norte da África e leste da América do Sul. Habitava rios e lagos de água doce, em clima tropical úmido. Estimado inicialmente em até 12 m de comprimento e 8 t, teve suas grandezas reduzidas, em um estudo recente, para 9 a 9,5 m de comprimento e 3,5 a 4,3 t, mas ainda é um dos maiores crocodilomorfos que já existiram.

  Escudos dermais, ou osteodermes, formavam uma superfície ininterrupta a partir da parte de trás do pescoço até o meio da cauda, diferente do padrão visto nos crocodilos modernos. Anéis de crescimento presentes nos osteodermes revelam que os indivíduos cresciam durante toda a vida e que os maiores chegaram a 50 ou 60 anos de idade. Seu focinho estreito e bastante comprido corresponde a 75% do comprimento do crânio e possui uma expansão em sua extremidade (chamada bula), cuja função pode ter sido ampliar o sentido do olfato ou amplificar os grunhidos do animal quando ele se comunicava.

    Com os olhos no topo da cabeça, ele escondia o restante do corpo debaixo d'água e ficava de espreita. Seus dentes lisos e resistentes, que somavam 132, indicam que o sarcossuco era um predador generalista, que se alimentava principalmente de peixes, mas ocasionalmente também podia atacar animais maiores, incluindo dinossauros que se aproximavam dos rios para beber água. No entanto, ele parece não ter sido capaz de rolar para desmembrar suas vítimas, como fazem os crocodilos hoje. Animais que compartilharam o mesmo ambiente incluem os peixes Lepidotes e Mawsonia e os dinossauros Lurdusaurus, ouranossauro, nigersauro, sucomimo, Eocarcharia e Kryptops.

Sarcossuco apanha um infeliz abelissauro Kryptops em sua boca. Ilustração do livro Dinosaur Art 2: The Cutting Edge of Paleoart, de Steve White.
Crédito: Steve White

    Os primeiros fósseis de sarcossuco foram descobertos no Mali, Argélia e Tunísia, entre 1946 e 1959, durante várias expedições científicas ao deserto do Saara, conduzidas pelo paleontólogo francês Albert-Félix de Lapparent. Os achados consistiam em fragmentos do crânio, vértebras, dentes e escamas. Em 1964, um crânio quase completo foi encontrado no Níger, o qual foi usado para a nomeação do novo gênero e espécie Sarcosuchus imperator, em 1966. Outros materiais mais completos foram encontrados posteriormente no Níger e no Marrocos. Em 1977, dentes e fragmentos de ossos encontrados ainda em 1867, no Recôncavo baiano, Brasil, foram reexaminados e identificados como uma nova espécie de sarcossuco, S. hartti.

Classificação científica:

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Reptilia

Superordem: Crocodylomorpha
Clado: Crocodyliformes

Família: † Pholidosauridae

Gênero: † Sarcosuchus

Espécies: † Sarcosuchus imperator e † S. hartti

© Mundo Pré-Histórico

Reconstrução de sarcossuco no Museu Nacional Boubou Hama, em Niamei, Níger.
Foto: Albert Orbeta, 2018

Fontes: Folha Online, Wikipedia (versão em inglês), Prehistoric Wildlife, ThoughtCo e Superinteressante.